segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Desordem

Por fora,
Uma tranquilidade aparente.
Por dentro,
Vulcões em erupção.
Brasas arremessadas
Para toda parte do corpo,
Queimando internamente...
A fumaça asfixia
Os pensamentos,
Os desejos,
As vontades,
O ânimo.
Quando tudo parece estar bem,
Nos trilhos,
O vazio reaparece, puxa o tapete,
E aguarda a queda.
Quanto mais conhecimento,
Menos respostas para si
São encontradas.
As marcas do tempo já surgem na face.
De quem é a culpa?
Talvez, seja do travesseiro,
Que sempre convida para ficar
Mais um pouco na cama, inerte,
Deixando a vida dormir para o mundo,
Saindo do convívio social.
Será uma fuga?
Quem sabe seja apenas
As consequências de uma realidade
Que muitos fingem não perceber,
Preferem demonstrar uma força imaginária,
Um otimismo utópico,
Suportando as dores e acreditando que no final tudo acabará bem.
Outros viram marionetes dos aproveitadores da fé,
Num templo ou no planalto central.
As diferenças não são respeitadas.
Padrões alicerçados na hipocrisia procuram formatar indivíduos,
Deixando-os alienados,
Sem liberdade,
Sem autonomia,
Sem identidade,
Sem direitos...
Vivemos num labirinto emocional,
Consumindo o tempo e sendo consumidos pelos mais “fortes”.
Somos conduzidos a entrar num cárcere,
E ainda que a porta esteja aberta,
Algo nos impede de sair...
Estamos acostumando com a prisão...
Lá fora, tudo parece ilusão.
Aqui dentro,
Continuo em construção...

Délia Santos (Nov/2017)